36 - O Triplo Salto

Ficaram bem longe os tempos em que Tanha, a jovem e esbelta carregadora incansável e airosa, encantava, com as demais raparigas da “morada”, os rapazes lascivos no “porto”, em que Nhu Chalau mantinha a ordem e a disciplina nos povoados do “norte”, velando sobretudo pela integridade do “tapum”, para que as cabras, as vacas e os burros selvagens não invadissem as culturas, em que Nhu Naia superintendia, do alto do seu cavalo, no carregamento de carvão e cal nos barcos que demandavam os portinhos da ilha, em que Nha Compa calcorreava os caminhos puídos das ribeiras secas a consertar sacos de sarapilheira junto aos fornos, em que o lundum era ponto alto nas cerimónias de casamento, aos sábados, ou em que Maria Barba cantava mornas ao senhor Tenente na Povoação Velha, num mundo hermético mas regulado, certinho e previsível, em cujo rodar toda a gente se conhecia e respeitava, por conta da lei e dos costumes, da religião, da idade e da razão social de cada um e cada uma… Até as memo...