11 - Soltrópico, um operador turístico focado em Cabo Verde
A década de oitenta de século passado foi um período charneira na minha vida e na vida da minha família. Sem prejuízo do que deixávamos para trás na Bélgica, que de resto nos orgulha, decidimos em 1983 regressar a Portugal, movidos sobretudo pela ideia de que os nossos filhos, o David e a Isabel, no limiar da escolaridade, precisavam de se inteirar do passado histórico e da realidade sociocultural paternos e maternos, como forma de ligarem em plenitude as suas raízes com o seu futuro, o que felizmente veio a acontecer com naturalidade, até à autonomia, social, cultural e económica que almejaram.
Quanto a nós, a Guiomar e eu,
enveredámos, a par das responsabilidades familiares, por uma carreira empresarial, que passou por
diversas iniciativas, a começar pela ECOPOR (Empresa de Comercialização de
Produtos de Portugal), cujo objeto principal foi o de intermediar serviços de
transporte de mercadorias, em associação com o cunhado Manuel Afonso Duarte
Lopes e o pai, o saudoso sr. Joaquim de Sousa Lopes, que detinham na altura uma
das empresas mais conceituadas do país no setor (Transportes Casais). A Ecopor viria
a transformar-se mais tarde, em 2001, na “Contacto Virtual, design de
comunicação”, na sede que compráramos na rua Manuela Porto, em Carnide,
reconvertendo-se assim a empresa à criatividade gráfica, que durante 20 anos
alimentaria em marketing de imagem não só a Soltrópico como diversas
empresas ligadas ao Turismo, particularmente a rede de agências e operadores que
fui abrindo em Cabo Verde, e mesmo algumas outras, que se aliaram no grupo de
operadores turísticos Terra Sab... Logótipos, brochuras, prospetos, sites,
mapas, capas de voucher, autocolantes, documentação de office, stands
de feira, diretórios de hotéis, roll-ups, painéis, anúncios, outdoors,
foram pensados e desenhados pela nossa equipa de criativos, e executados
por empresas gráficas diversas…
Em 1990, a Soltrópico
Mas a iniciativa empresarial que
mais marcou a minha vida foi a da Soltrópico, pois construí-lhe o berço e
acompanhei-a dia e noite desde a constituição, logística, promoção, imagem,
seleção de recursos humanos, até à maturidade, quando em 2009, ano em que
também atingi a idade da reforma, depois de 20 anos aos comandos, a Empresa se
tinha guindado ao mais alto nível da operação turística em Portugal.
Com a adesão à Comunidade
Europeia (12 de junho de 1985) sopravam em Portugal ventos cada vez mais fortes
de empreendedorismo nas várias facetas da Economia, e o Turismo, quer na sua
vertente de Recetivo, potenciando o acolhimento de visitantes de lazer, cultura
e negócio ao país, quer na vertente Emissora, proporcionando aos residentes
conhecer mundo, aparecia já como um dos setores mais promissores para quem se
lançava na atividade empresarial, mau grado a impressão comum a todas as épocas
de que o mercado já estivesse saturado de oferta… Como veio a verificar-se, não
estava, nem em quantidade, nem em diversidade, nem em qualidade!
Após uma pausa, cruzei-me em 1989
com o Gustavo Araújo, como eu um ex-emigrado da Bélgica, que planeava abrir um
operador turístico em Cabo Verde. Conversámos durante alguns meses, mas acabámos
por concluir que os nossos projetos não eram compatíveis, pelo que ele avançou
com a Exosol e eu prossegui com a Soltrópico.
Tratei com o primo Silvestre,
advogado em Lisboa, e a filha Carla, também jurista, estabelecidos na rua José
Falcão, junto à Praça do Chile, dos preparativos legais, obtive a Certidão Negativa
do nome, elaborámos os estatutos, e convidei o cunhado Manuel Afonso Duarte
Lopes para a sociedade, que anuiu e por sua vez convidou outros cinco, o irmão
José Armindo, o empresário Augusto Machado e o filho Eduardo, o seu amigo Joel
Rocha, funcionário superior na Câmara da Feira, e o empresário metalúrgico António
Cepeda Alves, estabelecido na Maia, vindo a completar o elenco Manuel Marques
da Silva, um conhecido empresário cabo-verdiano estabelecido em Lisboa, no Bairro
Azul, e o meu irmão Manuel Álvaro, ambos
a meu convite, e ainda José Gomes de Pina, na altura chefe de vendas da Ytong
Portugal, a convite do meu cunhado.
Na altura o estatuto de agência
de viagens exigia a figura de um Diretor Técnico, com provas dadas de
conhecimento e gestão no ramo. A conselho da Direção Geral do Turismo de então
recorri ao Carlos Pessoa de Amorim, que pouco mais tarde foi para outro projeto
e deu lugar ao Constantino Pinto. Quer um quer outro estavam rotinados em
Recetivo, particularmente de grupos de estudantes espanhóis, que por isso se tornou o core
business da Empresa nos primeiros tempos.
Mas a vocação da Soltrópico, que
já me tinha inspirado a escolha do nome, orientava-se fortemente para os
trópicos. A começar por Cabo Verde, um destino cujos povo, cultura e geografia se
tinham tornado para mim particularmente familiares e inspiradores. Por outro
lado, eu tinha a perceção de que um operador turístico novo no mercado tinha de
descobrir caminhos também novos, e por isso a grande aposta foi feita em gente
nova, acabada de formar nas faculdades de turismo que se iam afirmando então em
Portugal. Ao primeiro anúncio respondeu Nuno Mateus, um jovem bacharel formado
no ISLA, cuja entrevista me convenceu de rompante, quer pela competência
profissional, já algo rodada no estágio curricular feito na UGTur, na Baixa de
Lisboa, quer na atitude assertiva que desde logo deixou transparecer. Juntamente
com mais alguns jovens que foram chegando, do Instituto Superior de Novas
Profissões (INP) ou do Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA), ou
ainda das Universidades do Algarve e de Aveiro, entre outras Escolas, fizemos juntos um
verdadeiro tirocínio, que nos levaria nos anos que se seguiram a identificar
objetivos e métodos de atuação diferenciadores no panorama das Viagens e Turismo em
Portugal.
Nunca me esquecerei da cultura de reuniões e debates que instituímos juntos, a começar pelo estabelecimento de um briefing diário de arranque do dia que se tornou incontornável ao longo dos 20 anos em que liderei a equipa. Comparecíamos 10 minutos antes das 9 horas, e era ali que relançávamos o dia, com um empenho e um entusiasmo que nunca definharam, quer quando éramos apenas meia dúzia, quer quando chegámos a ser mais de 30, anos mais tarde…
Debatíamos tudo, sem reservas nem
preconceitos, como se todos fôssemos ao mesmo tempo investigadores e sócios da
empresa. Desde a folha de rosto do processo de reserva (lembro-me de que
elaborámos 27 modelos sucessivamente aperfeiçoados ao longo dos primeiros meses
até atingirmos um modelo que nos satisfizesse), à seleção das ferramentas de
comunicação mais avançadas (data desse tempo a transição do telex com comutador
alfa-numérico para o telex com memória RAM, e logo para o FAX, antes de se
impor, nos finais do século XX, o e-mail em ambiente INTERNET...), à escolha de
um parceiro especializado em redes informáticas (a seleção recaiu sobre uma das
poucas soluções disponíveis no mercado português no início dos anos 90, a
TURIGEST do sr. Hélder Guerra, com Escritório na rua do Possolo), ou à previsão
diária da evolução dos negócios preparada pelo Diretor Financeiro, ou ainda à
elaboração da Certificação de Qualidade, de que a Soltrópico foi pioneira no
mundo das agências de viagens e da operação turística em Portugal, redigida e assimilada por todos os elementos da equipa ao longo de 8 anos, formalizada em 2007 por
uma empresa especializada, a LearnView, e consumada pelo prestigiado e
internacional BUREAU VERITAS em julho de 2008…
O capital inicial da Empresa foi de 20.000
contos, subscritos de forma equilibrada pelos acionistas, e de que boa parte
serviu desde logo para a compra da sede, na rua José Galhardo, no Lumiar. Fizemos
as obras de acabamento, comprámos os equipamentos essenciais, e começámos a
operar em março de 1990.
Não cabem num texto de um blogue
os detalhes da evolução da equipa que moldou a Empresa Soltrópico, mas resumo
de seguida alguns passos e alguns episódios marcantes desta experiência
empresarial, que deixou uma marca bem vincada no pequeno mundo da operação
turística em Portugal da última década do século XX e da primeira deste que
estamos a viver.
A aposta em Cabo Verde
A primeira grande decisão da jovem
equipa (eu era então um “velho” de 45 anos, a par de colegas todos eles na casa
dos 20, à exceção do Diretor Técnico, o Constantino Pinto, que andava pela casa
dos 30) decorreu de termos compreendido, de resto na linha do memorando
fundacional que eu escrevera como plataforma à atenção dos acionistas, que tínhamos
de apostar, para além dos grupos de Recetivo, em destinos emissores que pudessem
inovar nas opções de férias dos portugueses e tivessem potencial de progressão.
A primeira escolha recaiu naturalmente sobre Cabo Verde, ainda pouco conotado
como destino turístico, mas com a vantagem de já na altura eu o conhecer
bastante razoavelmente por lá ter vivido 3 anos muito ativos da minha juventude.
O Nuno e a Alexandra aderiram à ideia com entusiasmo e lançámos a primeira
brochura em 1991. Apenas 4 páginas, mas já com 3 ofertas, uma de 8 dias (Santa
Maria do Sal), e duas de 15 dias (Panorama de Cabo Verde – Santiago, S. Vicente
e Sal –, e Cabo Verde Profundo – Boa Vista, Santiago, S. Vicente e Sal).
Numa altura em que a única
agência especializada nas Ilhas da Morabeza – a Vector – fechava portas por
morte prematura do seu mentor, sr. Ferro, o sucesso desta programação
incipiente mas já bastante robusta, em boa parceria com os Transportes Aéreos
de Cabo Verde, foi imediato e progressivo, ao ponto de rapidamente se tornar o destino
líder do operador, surpreendendo os próprios acionistas da empresa, que não haviam
escondido as suas dúvidas e até algum ar de descrédito quanto ao potencial de
Cabo Verde como destino turístico…
Mas a operação foi crescendo, e a
oferta de estadias balneares e de circuitos foi-se incrementando, com
prevalência de semanas inteiras de férias na Ilha do Sal, mas com uma componente
apreciável de circuitos a quase todas as ilhas, que chegou a atingir a significativa
percentagem de 36% de todo o volume da operação, apoiada nos poucos hotéis
existentes fora das ilhas do Sal e de Santiago, caso do Xaguate no Fogo, da pensão
5 de Julho na Ribeira Grande de Santo Antão, da pensão Chez Luisete na Ponta do
Sol, do hotel Dunas na Boa Vista, da pensão Tátá no Tarrafal de Santiago, da
pensão Sol Mar na Praia, ou do hotel Marilú no Maio… Honra seja feita aos
Diretores dos TACV em Lisboa, em especial o dr. António Cabral e o dr. João
Mendes, com quem pudemos negociar tarifas adequadas combinando voos internos e
internacionais, e também ao crescimento da hotelaria no Sal, onde depois do
Morabeza e do Belorizonte foram surgindo os hotéis do grupo Stefanina e do
grupo Oásis, entre outros, como o hotel de charme Odjo d’Água, e mais tarde os
RIU, Meliã, Hilton, etc. E na Boa Vista, o Marine Club, o Iberostar, os Riu, os
Ouril…
O sucesso da operação para Cabo
Verde foi de tal modo sustentado que não tardámos a liderar o destino, não só
em Portugal, mas atraindo também numerosos clientes de outros países, com
destaque para França, Suiça, Espanha, Checoslováquia e Polónia, estes três últimos tendo montado mesmo operações charter.
Operações charter para Cabo Verde
Como não há bela sem senão, este
êxito de uma empresa neófita no mercado gerou alguns desafios, dos quais o mais
delicado nos veio paradoxalmente do parceiro mais chegado: os Transportes
Aéreos de Cabo Verde (TACV). Corria o ano de 2003 e o volume de turistas da
Soltrópico para Cabo Verde atingiu as centenas por semana, exigindo-nos uma
solução para além das que tínhamos com os voos regulares, com os TACV e a TAP.
E quando esperávamos uma anuência entusiástica dos TACV ao posicionamento de um
voo charter semanal, a Companhia cabo-verdiana de bandeira retirou-nos o
tapete, secundada aliás pela TAP, e colocou-nos assim perante um constrangimento
que ameaçava impedir-nos de continuar a crescer, tanto mais que as duas
companhias estavam alinhadas num duopólio para a ilha do Sal, na altura o único
aeroporto internacional do país.
Como soe dizer-se, a necessidade
aguça o engenho, e foi assim que se iniciaram diligências, discretas mas
eficazes, junto das Aeronáuticas Civis de Lisboa e da Praia, lideradas pela Air
Luxor, Companhia com a qual tínhamos iniciado operações charter para o Egito e
para o Brasil. As negociações demoraram cerca de um ano, e no dia 31 de março
de 2004 era assinado na Praia pelos Presidentes da República dos dois países o
Acordo de Abertura dos Céus entre Portugal e Cabo Verde, que nos permitiu
iniciar a desejada operação charter semanal Lisboa-Sal-Lisboa logo no dia 4 de
abril seguinte, a preços bem mais competitivos que os que até então nos eram
disponibilizados pelas duas Companhias Regulares. Foi um sucesso fulgurante,
que se traduziu na multiplicação de voos já no verão desse ano, de Lisboa e também
do Porto, o mesmo vindo a acontecer com a Boa Vista daí a 4 anos, em 2008. Uma
enorme oportunidade perdida pelos TACV, difícil de explicar, ao não aceitar assumir
o papel de liderança no transporte aéreo de turistas, um mercado que à partida
lhes parecia destinado. E mesmo quando, anos mais tarde, a Air Luxor mudou de
rumo e deixou as operações regulares, foi ainda a açoriana SATA que aproveitou
a oportunidade, e mais tarde a própria TAP, que soube finalmente disponibilizar
allotments em quantidade e condições adequadas ao Turismo…
E como um problema nunca vem só, os
TACV decidiram ainda retaliar a aliás forçada opção da Soltrópico pela Air
Luxor e retiraram-nos os preços negociados para os circuitos internos, atitude
que teve duas consequências, ambas bastante negativas para a própria Companhia
e para Cabo Verde: por um lado, os circuitos turísticos pelas ilhas diminuíram
acentuadamente devido ao aumento substancial dos preços dos voos; o que, por
outro lado, e esta foi a segunda consequência, teve por natural efeito a busca pela
Soltrópico de uma alternativa exterior à oferta de transporte aéreo então
existente em Cabo Verde….
Nova Companhia Aérea em
Cabo Verde: Halcyon Air
Tal alternativa traduziu-se no
lançamento, ainda em 2004, por minha iniciativa através da Morabitur (uma
agência que fundei com o sr. Alfredo Rodrigues na Praia em 1996, que passou depois
para os cuidados do sr. Anacleto Soares no Sal, e que se ergueu e prosperou com
a chegada do Benoit Vilain em 2008, como Diretor e depois sócio) de uma nova
Companhia Aérea, a Halcyon Air, com o objetivo de suprir a necessidade de
proporcionar aos turistas que começaram a afluir em grande número à ilha do
Sal, e mais tarde à ilha da Boa Vista, excursões e circuitos às restantes ilhas
do arquipélago. O estabelecimento, estruturação, operação e queda da Halcyon
Air foram uma aventura meteórica cheia de colorido, se abstrairmos da vertente
dramática; uma história a merecer um desenvolvimento à parte.
Operação charter surpresa
para o Egito
Em novembro de 2002 o dr.
Agostinho Abade, que vinha desenvolvendo em Cabo Verde e no Brasil o grupo
hoteleiro Oásis Atlântico, veio falar-me de um free lancer belga, de
nome Jacky Arnoudt, que o tinha abordado e que procurava um operador de porte
médio na altura que estivesse disposto a montar uma operação charter de
Portugal para o Egito. Marcou-se um almoço num restaurante de Telheiras entre
os três, durante o qual o Jacky expôs as bases da operação: teríamos de
encontrar uma companhia aérea disposta a negociar um preço ajustado, tínhamos a
garantia de um Recetivo no Egito ao qual ele estava ligado e que assegurava ser
de grande equilíbrio qualidade/preço, e o Governo Egípcio estava em maré de
oferecer um valioso incentivo, empenhado que se encontrava em superar as consequências
nefastas de um atentado terrorista perpetrado anos atrás contra um autocarro de
turistas alemães e que afetara gravemente o afluxo de turismo para o país… Informou-nos
ainda de que na Holanda e na Bélgica estavam a conseguir oferecer ao turista um
preço-base para uma semana de férias no Egito a partir de 300 euros!
Seguiram-se anos de grande
performance da Soltrópico, que logrou afirmar-se no mercado português como uma
marca de inovação, qualidade e preços abordáveis, introduzindo destinos ainda pouco
conhecidos, como foram as Seicheles, a Maurícia, a Reunião, as Maldivas, o Sri
Lanka ou Moçambique, no Índico; ou as ilhas da Polinésia e Páscoa, ou a Costa
Rica, no Pacífico; sem esquecer os destinos atlânticos, desde as Caraíbas ao
Brasil, ao México, a S. Tomé e Príncipe, à Guiné-Bissau ou, claro, a Cabo Verde,
o diamante mais lapidado pela jovem equipa-prodígio que durante duas décadas
deu vida ao operador da Quinta do Lambert…
Os sucessivos troféus averbados por esta equipa nesses anos, dos quais se destacaram os de melhor Operador e de Operador com o melhor Site, promovidos anualmente pelo prestigiado PUBLITURIS, foram um belo prémio para aqueles profissionais briosos e prendados.
Cabe aqui uma homenagem sentida a todo o staff que fez a Soltrópico acontecer e prosperar, graças ao engenho e dedicação de todas e de todos os numerosos colaboradores que por lá passaram no decorrer daquelas duas décadas, com destaque para os colegas que foram integrando a Direção, desde o Nuno, Diretor Comercial infatigável e rigoroso, à Marília, uma Assistente de Direção competente, discreta e prestável, à Sónia, um poço de dinamismo e de dotes técnicos e comerciais, ao saudoso Bruno, um promotor nato sempre atento, ao Luís, um public relations bem ralacionado, ao Pedro Brito, um Diretor Financeiro particularmente organizado e seguro, ao Tiago Rodrigues, detrminante com a Marília no processo de Certificação de Qualidade da Empresa, à Claudia Caratão, responsável por largo tempo pelo complexo setor do Turiosmo Interno...
Associativismo no Turismo em Cabo Verde
Com a Soltrópico, procurei empenhadamente suscitar diversas iniciativas associativas na esfera do Turismo em Cabo Verde e cooperar com outras. Fui membro da Direção da UNOTUR, fundada em setembro de 2002, por iniciativa conjunta de Andrea Stefanina, Manuel António Lobo e outras personalidades de topo do Turismo no Sal nessa altura. A Unotur teve à frente da Direção a Lilian Oliveira (Turinvest), depois a Sophie Vynckier (Hotel Morabeza) e finalmente Gualberto do Rosário (GDP), eleito Presidente do Conselho Diretivo em 2006, e que veio a operar a sua transformação na atual Câmara de Turismo de Cabo Verde (CTCV), atualmente dirigida por Jorge Spencer Lima. Mantive intensa atividade quer na Unotur quer na Câmara de Turismo, onde me foi atribuído o pelouro dos Produtos Turísticos, Marketing e Eventos e Relação com Associados. Uma vasta tarefa, que procurei desempenhar com empenho, e que implicava a cooperação com o PROMEX/Cabo Verde Investimentos na organização das feiras anuais (as internacionais e a nacional), entre outras preocupações.
Porém, a tarefa mais marcante que desempenhei como responsável dos eventos da Unotur e depois da Câmara de Turismo foi a organização dos Encontros Internacionais de Turismo (EITU), o primeiro no Mindelo, em 2005, os seguintes no Sal (do terceiro ao sexto) e o sétimo e último na Praia, em dezembro de 2016. Em 2017 fui convidado para assessorar o Ministro do Turismo, José Gonçalves, e deixei de integrar a Câmara, por decisão desta, que considerou incompatíveis as duas funções. Sobre os EITU justifica-se largamente um tratamento à parte, numa próxima oportunidade, dada a importância des Encontros na evolução do modo como Cabo Verde foi entendendo a importância do Turismo para a sua Economia, a sua Sociedade, a sua Cultura, o seu Meio Ambiente.
Um outro grupo de reflexão a merecer memórias mais alargadas foi o Clube Vela, um conjunto de empresários portugueses e cabo-verdianos que reuniu mensalmente em Lisboa entre 2004 e 2006 com o objetivo de partilhar informação e coordenar ações no tocante a Turismo de Portugal para Cabo Verde. Ao meu apelo atenderam Agostinho Abade (Oásis Atlântico), Gualberto do Rosário (GDP), Francisco Manso (Cineasta), José Simões Coelho (Air Luxor), Acácio Seabra (Empreendedor hoteleiro), João Manuel Chantre (Associação Portugal Cabo Verde), Carlos Almeida (Grupo Sacramento Campos). As reuniões, de que perduram relatórios circunstanciados, decorriam à vez nas sedes das respetivas empresas.
Turismo Interno em Portugal
Da experiência inicial com o Recetivo, que foi cedendo espaço às operações emissoras, ficou-nos um relacionamento estreito com numerosos hotéis, de que nasceu, no verão de 1996, uma das ofertas mais marcantes da Soltrópico, que denominámos "FÉRIAS POR CÁ", e que disponibilizava, numa brochura de 40 páginas, vasta oferta de estadias em numerosos hotéis nas 8 regiões turísticas em que então se dividia o país: Costa Verde, Montanhas, Costa de Prata, Costa de Lisboa, Planícies, Algarve, Madeira e Açores. E sugeria já alguns pacotes interessantes de penetração mais aprofundada de autoférias, como eram "À Descoberta do Nordeste Transmontano", "Super Safari no Algarve", "Fim de Semana Beirão", "Aventura na Costa Vicentina", "Cruzeiro Esplendor do Douro", "Luso + Mini Cruzeiro no Mondego"... Um produto de confeção trabalhosa e complexa, mas que mantivemos como elo de ligação à realidade intrínseca do nosso Turismo nacional, que de resto celebrávamos regularmente com encontros de estudo nas várias regiões, de parceria com os hotéis, a que convocávamos os agentes de viagens, junto dos quais mantivemos sempre a postura de operadores grossistas, cientes da importância que no contexto desse tempo tinha o respeito pelo papel de distribuição dos agentes de viagens retalhistas junto das populações e das empresas.
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