6. Um jornal silenciado
O período abrangendo o final da década de 60 e a primeira metade da década de 70 do século passado foi, como se sabe, um tempo de profundas transformações em Portugal, nessa altura a digerir as guerras coloniais na Guiné, em Angola e em Moçambique, com o Movimento das Forças Armadas, avesso às guerrilhas, a grassar subrrepticiamente no exército, em particular por obra e graça dos oficiais milicianos, vindos diretamente do meio estudantil, fortemente influenciados pelo Maio 68 em França, e com a transição corporizada de facto por Marcelo Caetano da ditadura de Salazar para a democracia partidária, ao mesmo tempo que na Igreja Católica, na sequência das profundas transformações na sua mundivisão, refletidas entre outros documentos orientadores nas encíclicas sociais de João XXIII e de Paulo VI, e da própria relação, mais direta e participativa, preconizada pelas reformas litúrgicas operadas pelos padres conciliares, das hierarquias com as comunidades cristãs locais, olhadas com as suas especificidades, cultura, tradições e personalidade própria...
Embora Cabo Verde, no que se refere ao cidadão comum, estivesse bastante longe das convulsões vividas logo ali ao lado, na Guiné, ou em Angola e Moçambique, em cenários de guerra de guerrilha, abrindo trincheiras ideológicas e outras, terçando armas e derramando sangue, os ventos da História sopraram igualmente no arquipáelago da morabeza, o que se refletia subliminarmente, mesmo que sem grande alarido, na emergência de algumas linhas vermelhas que separavam modos de encarar o futuro da organização da sociedade cabo-verdiana, e ia extremando opiniões e comportamentos entre quem se apegava a um status quo cada vez menos compaginável com essa evolução larvar de mentalidades e a camada emergente de intelectuais, ativistas ou simplesmente de pessoas desejosas de assumir responsabilidades até ao topo de uma hierarquia democrática e local.
Esta introdução é indispensável para se entender o percurso do jornal “A Voz Paroquial” nos seus curtos 5 anos de vida, que a seguir procuro resumir.
Com efeito, no início de 1967 nascera na Praia um novo jornal, emanação da paróquia de Nossa Senhora da Graça, pastoreada na altura pelo Padre António Figueira Pinto.
Os objetivos desta publicação, deliberadamente modesta no tamanho (4 páginas de 22,5 X 34,5 cm) nos seus primeiros 6 números, são definidos na edicão inaugural (nº 1) pelo seu Diretor, o próprio Padre Figueira, em três pontos:
1.- Constituir um “elo de ligação
entre toda a família paroquial da Praia”;
2.- Ser um “repertório das
atividades da Paróquia”;
3.- Transmitir as “orientações
dos Pastores, as notícias mais dignas de menção, como sejam as festas, as
solenidades litúrgicas, as estatísticas do ano religioso, as campanhas ou
anseios...”
Por sua vez o Bispo D. José
Colaço, em mensagem a abrir a publicação, coloca o acento tónico da linha
editorial na divulgação do aggiormanto operado pelo Concílio Vaticano
II, concluído havia 2 anos, no pontificado de Paulo VI, em especial na “larga
abertura da Igreja ao mundo e aos seus problemas”, e propugna um “diálogo
franco e sincero”... com todos, “independentemente das suas opiniões, mesmo
religiosas”... “não só de ordem verbal, mas ainda e sobretudo, de ordem
vivencial”.
Uma das missões que me foram
confiadas chegado que fui à capital de Cabo Verde no último trimestre de 1969,
foi a de assumir a chefia da redação d’A Voz Paroquial, dado que tinha alguma
experiência na matéria, do tempo em que em Braga desempenhei papel semelhante à frente do
jornal do Seminário do Fraião, “O Jovem Missionário”.
A
acrescentar aos objetivos fundadores desta publicação sugeri ao Diretor mais
alguns outros, a saber:
a) --Estender progressivamente o âmbito das notícias às
outras paróquias de Santiago e mesmo às de toda a Diocese.
b) -- Dar uma súmula de notícias do mundo, em especial
as relacionadas com a Igreja.
c) --Abrir a produção de conteúdos a especialistas nas
matérias que foram objeto de renovação pelo Concílio Vaticano II.
d) --Abrir às principais Igrejas cristãs (Igreja do
Nazareno e Igreja Adventista do 7º Dia) a participação, conferindo à publicação
um papel ecuménico.
e) -- Criar um espaço de intervenção jovem, em especial
de elementos das Juventudes Católicas.
f) --Acompanhar a evolução económica e social de Cabo
Verde.
g) --Aumentar o tamanho para 32,5 X 43,5 e passar de 4
para 8 páginas, ampliando substancialmente o espaço de comunicação.
h) --Aumentar a tiragem e distribuir o jornal pelas
paróquias da ilha de Santiago, e também pelas do Maio e da Boa Vista, ao
cuidado dos Padres e Irmãs do Espírito Santo.
i) --Vender o jornal na Praia, através da rede de
ardinas que já distribuíam “O Arquipélago”.
j) -- Procurar progressivamente chegar à periodicidade
mensal.
k) -- Financiar o aumento de custos com publicidade.
Todas estas propostas mereceram a aprovação do Diretor, e o número 7, com data de 25 de dezembro de 1969, já reflete boa parte delas, tendo sido as restantes introduzidas nos números seguintes.
A Voz
Paroquial tornou-se ao longo de 1970 um órgão de comunicação com procura
crescente, mormente na Praia, e os temas abordados passaram a sensibilizar cada
vez mais leitores, ao mesmo tempo que, em sentido inverso, foi gerando incómodo
crescente junto de algumas entidades mais conservadoras, que foram dando sinais
de indisfarçável nervosismo, com claro destaque para o Secretário Geral do
Governo e para o Governador Civil, cujas pressões junto da PIDE para intervir
se foram tornando cada vez mais fortes até que o jornal acabou por ser
encerrado, após a apreensão, já em 1971, do nº 12, que foi por isso o último...
Pressões
essas que se inscreviam numa atmosfera recetiva aos ventos da História, naquele
período de procura de ar para uma respiração diferente por parte de camadas influentes
da população, tornando-se notório o carácter irreversível de se sair fosse como
fosse da camisa de forças que se ia fazendo sentir relativamente à liberdade de
opinião e de expressão, mas sobretudo de organização própria, certamente um dos
bens de que a pessoa cabo-verdiana mais prezava, já nessa altura...
OS
GRANDES TEMAS DE "A VOZ PAROQUIAL"
A par dos
temas que fazem a rotina natural de um órgão de comunicação paroquial,
inicialmente enunciados pelo Padre António Figueira, seu fundador e diretor, e
tendo em conta o carácter já histórico desta publicação, limitada no tempo mas
influente na circunstância, deixo de seguida um resumo do que foram as traves
mestras da linha editorial d’A Voz Paroquial.
Transparece
de uma análise atenta do lançamento deste jornal e sobretudo da regularidade e
crescente intensidade da respetiva campanha de angariação de fundos, que o leitmotiv
inicial d’A Voz Paroquial foi o de consciencializar a população da Praia da
importância desta obra-mor daquele período de reorganização de uma paróquia que
crescia a olhos vistos, uma vez que os custos previstos eram avultados para a
época. Toda a gente foi mobilizada para contribuir, desde os fiéis em geral,
com os seus óbulos modestos, a empresas, repartições, Governo da Província,
Governo Central, Diáspora... Acabou por ser uma intervenção junto de Marcelo
Caetano que permitiu atingir a meta financeira necessária para concluir a obra.
Não me
esqueço das quermesses que foram organizadas no “Diogo Gomes”, espaço que
sucedeu ao Ténis depois que ali foram construídos blocos para habitação, para realização
desse tipo de eventos, e mais tarde já no espaço em construção do Centro Social
Paroquial, à saída do Plateau para a Fazenda.
O Bilocas
nunca faltava com as suas atuações alegres e populares. A juventude marcava
forte presença, ativa e graciosa. Sem desfazer de outras, havia uma família que
se destacava na dedicação e generosidade em organizar e preparar as iguarias
para os jantares de beneficência, a enrolar quantidades incontáveis de
papelinhos para os sorteios ou a convocar colaborações e público, a família
Barbosa, encabeçada por D. Nhánhá, com a Fátima, a Lilica, a Ana, a Bia, todas senhoras
com um dom especial de agregação de colaboradores e colaboradoras para que
essas campanhas resultassem ao máximo, incansáveis e sempre de excelente humor...
Abílio Sereno Barbosa Évora (Bilocas) (1938-1988)
Rezam as
crónicas que aquela obra, hoje bem presente na vida da Praia, custou à volta de
3.000 contos, bem acima do custo do primeiro projeto, o da Praça Alexandre de
Albuquerque, para o qual começou por se prever um custo de 900 contos...
Quando o jornal foi fechado, o
Centro Social estava em plena construção, ao nível do 1º andar.
2. Organização Paroquial e Diocesana
No número
2, de dezembro de 1967, o Padre José Maria de Sousa traça o modelo de uma
paróquia que reflita o espírito e as normas do Concílio Vaticano II, reunindo
as vertentes pastoral, social e administrativa.
No nº 11, de dezembro de 1970, resume-se a IV reunião do Conselho Presbiteral, em que se discutem os meios de subsistência do clero da Diocese.
No nº 4,
de maio de 1968, dá-se conta do que à data foi o maior encontro de juventude em
Cabo Verde, reunindo de 24 a 28 de abril na Cidade da Praia cerca de 4.000
jovens das Juventudes Católicas vindos de todos os recantos da ilha de Santiago.
Do Encontro, que coincidiu com a visita à Praia da Imagem Peregrina de Nossa
Senhora de Fátima, sublinham-se os momentos mais marcantes, desde um espetáculo
cultural na Praceta do Liceu, cujo ponto alto foi a atuação de um coro
polifónico dos Picos; a uma centena de casamentos, na sua maioria regularização
canónica de situações de facto; a procissão das velas em que participaram
centenas de crianças que tinham feito a sua primeira comunhão; até ao ato
central do Encontro, que consistiu em um cortejo e Missa campal na rua Sá da
Bandeira.
Alargando
substancialmente a rubrica de Notícias da Paróquia dos números anteriores, o
jornal passou a informar os leitores dos principais acontecimentos nas
comunidades paroquiais das Ilhas de Santiago e Maio, incluindo em matéria de
Educação, Saúde, Economia, Sociedade, Governança local... Em alguns casos, como
o da Calheta de S. Miguel, o jornal tinha um correspondente; quando não, era o
pároco ou a estrutura organizativa paroquial que enviava a sua crónica. Não raramente eram veiculadas,
nesta rubrica, reivindicações da sociedade local às autoridades civis, quer
locais quer da Praia...
Um dos
eventos mais marcantes na Diocese em 1970 foi a chegada a Cabo Verde dos
Cursilhos de Cristandade, graças a uma cooperação da Diocese da Praia com a de
Viseu, de onde veio o Padre Francisco Santana para a respetiva preparação,
depois o Cónego Abel Figueiral, Diretor do Movimento em Viseu, e finalmente o
próprio bispo, D. José Pedro da Silva. O primeiro cursilho, para homens, teve
lugar de 16 a 19 de setembro de 1970 no Seminário de S. José, mas outros se
seguiram, para homens e mulheres. De memória, alguns dos leigos dos cursilhos
em que participei: Abner Ramos, Adriano Freire, Agnelo, Alberto Barbosa, Anacleto,
Aniceto, Antero Barbosa, Antoninho Barros, Antoninho Lobo, António Neves,
Arcádio Monteiro, Armando Ferreira, Armindo Barbosa, Armindo Cordeiro Fontes,
Carlos Duarte, Carlos Ribeiro, Carlos Silva, Celso Celestino, César, Curado, Dadinho
Fontes, Djóni, Edmundo, Eduardo Neves, Fortinho, Frederico, Frederico
Figueiredo, Gil Fernandes, Ivo Furtado, Hermenigildo Ramos, Januário, Jerónimo
Tavares, João Barbosa, João Pires, João Varela, José Benício, José Luís, Júlio
Teixeira, Luís, Manuel Costa, Manuel Cruz,
Octaviano, Papacho, Porfírio Figueiredo, Quiqui Fontes, Raúl Barbosa, Tatá
Martins, Velhinho Rodrigues, Zeca Brito...
Uma das
iniciativas mais interessantes de que a VP dá conta prende-se com os Campos de
Férias organizados pela Igreja para jovens dos Movimentos Católicos, que tinham
lugar em acampamento (Rui Vaz) ou em espaços da Igreja (Santa Catarina, S.
Miguel...), geridos e assistidos pelo Padre Veríssimo Teles e a Irmã Olímpia,
consoante eram para rapazes ou raparigas. Foram experiências que deixaram
marcas positivas no(a)s participantes, pois decorriam sob programação temática
muito ligada às problemáticas próprias da adolescência e juventude. Registam-se
testemunhos expressivos, como os de Álvaro, Isabel Brito, Lena Lopes, Luísa
Pereira, Nasolino Silva, Mário Marques... (nº 7 de dezembro de 1969).
A Voz
Paroquial interessa-se pela atividade governativa, nas vertentes económica e
social, e por isso vai dando conta das principais atuações do Governador, dos
Serviços e das autoridades locais. O nº 8, de abril de 1970, noticia a chegada
do novo Governador, Brigadeiro Lopes dos Santos, que rendeu o Comandante Sacramento
Monteiro à frente da Província. No nº 12 a VP aplaude a visita do Presidente do
Conselho Marcelo Caetano no início de 1971 e entusiasma-se com o volume de
obras lançado por todo o arquipélago para contrariar os efeitos da seca, graças
a um programa extraordinário de apoio que mais do que duplicou nesse ano o
Orçamento do Governo da Província.
Por outro
lado, e seguindo o plano de melhorias do jornal, cada número passa a abordar um
dos grandes setores da governação, desde a Educação (nº 9, maio 70) à Emigração
(nº 10, julho 70), à Saúde (nº 11, dezembro 70)...
Denominada
“rampa de lançamento” nos números seguintes, o número 7 avança com um espaço
posto à disposição de jovens que aí vão trazendo poemas, crónicas, contos,
ideias, e até um romance...
Embora se
tenha tratado de uma iniciativa a todos os títulos positiva, a liberdade de
expressão e frontalidade própria da juventude terá sido uma das razões do
desagrado por parte de algumas autoridades mais conservadoras, a que me referi
no início deste post, que redundaria no fecho compulsivo do jornal...
Não será
por acaso que alguns dos autores, já conscientes das reservas que os seus
escritos poderiam suscitar, usavam pseudónimo ou acrónimo (S.T.A., Loly,
Vavuka, Amon, Lany, Chico, M.D., M.C.G., G.M., T.A., O.S...). Mário Martins,
São Andrade, Lina Silva, Sónia, Mara Lima, Herminaldo Brito, são algumas das
assinaturas de jovens colaboradores da Voz Paroquial.
Em
diversos artigos a VP focaliza fortemente a dignidade humana.
Um
primeiro e longo artigo, da autoria do Pe. Viriato Gonçalves, que se inicia no
nº 9 e se estende pelos seguintes, tira ilações desde a Bíblia à 4ª
Constituição do Concílio Vaticano II, a Gaudium et Spes, para afirmar o primado
da dignidade humana, a ser respeitada em todas as circunstâncias da ação e da
organização humana.
Num
artigo intitulado “O Cristão e o Trabalho” (nº 9), por sua vez, o Pe. Manuel
Gonçaves, Diretor do Seminário Maior da Torre d’Aguilha, explica que o trabalho
não é um castigo de Deus, mas um meio de aperfeiçoamento e de redenção.
O Pe.
Arlindo Amaro (nº 10) disserta sobre o “Desenvolvimento e Evangelização”,
ancorado também na Gaudium et Spes.
No nº 11
é publicada a Declaração dos Direitos da Criança recentemente emitida pela ONU.
E no nº
12 é publicada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, também exarados
pela ONU (1948).
Também no nº 12, Frei António Fidalgo escreve sobre a “Promoção do Homem e a Justiça”.
Em plena
aplicação no terreno do ‘aggiornamento’ lançado por João XXIII em 1962,
desenvolvido pelos padres conciliares do Vaticano II durante 3 anos e lançado
para concretização no papado de Paulo VI a partir de dezembro de 1965, a VP
reflete a azáfama com que na Igreja de Cabo Verde, à semelhança do que por esse
tempo se passava nas comunidades cristãs de todo o mundo, se procedia a
reformas, não só litúrgicas, como de mentalidade e de procedimentos os mais
diversos.
Desde a
análise das novas formas de celebração da Eucaristia e dos restantes
Sacramentos, à reformulação da catequização e à aplicação no terreno das
encíclicas papis e das constituições do Concílio, as páginas da VP recorrem a
especialistas, como os PP. Afonso Cunha, Alberto Meireles, Alexandre Barros de
Azevedo, Arlindo Amaro, Gil Losa, Manuel Gonçalves, Veríssimo Teles, Irmã Maria
do Carmo, que explicam para as comunidades católicas de Cabo Verde as profundas
transformações em alguns modos de encarar a mensagem evangélica, a sua
comunicação e os ritos por que se exprime e atua na Igreja.
O nº 12
iniciou uma cooperação que prometia desenvolvimentos interessantes entre as
Igrejas cristãs estabelecidas em Cabo Verde, designadamente a Igreja do
Nazareno (apresentação pelo Rev. António Nobre Leite), a Igreja Adventista do 7º Dia (apresentação pelo Rev. Abílio António Ferreira), e a Igreja Católica (apresentação pelo Padre Augusto Nogueira de Sousa). Infelizmente, o
silenciamento do jornal não permitiu continuar no imediato, mas a semente foi
lançada, e ficou a aguardar condições de novo favoráveis para germinar...
Uma
rubrica com importância na visão mais universalista que pretendi conferir ao
jornal quando me foi confiado. Nesta secção, que foi mudando de nome (Seleção
de Notícias, De Todo o Mundo, Panorama...), pretendeu-se acentuar a preocupação
com o que se passava com as pessoas por todo o mundo, sobretudo com notícias
ligadas à ação social e cultural da Igreja.
A mais
notória das entrevistas feitas pelo jornal foi a que me concedeu, em dezembro
de 1969, o saudoso Bana, naquela altura o expoente máximo da música
cabo-verdiana. Por entender que foi uma espécie de momento zen na nova vida de
A Voz Paroquial, dedicarei o próximo post a esta entrevista, transcrevendo-a na
íntegra.
Também a
sustentabilidade foi minha preocupação à frente da Voz Paroquial, razão pela
qual foram introduzidos espaços pagos pelas principais empresas da Praia
(Abílio Monteiro de Macedo & Filho, Lda, Cândido de Vasconcelos, Casa
António Gomes Barbosa, Casa do Leão, Casa Feba, Casa Moeda, Farmácia do Leão,
Minerva de Cabo Verde, Móveis Ruja, SERBAM, Sociedade Luso-Africana, Tipografia
Santos, Wladimir I. De Menezes Barbosa Vicente...).
De
realçar ainda uma secção dedicada à difusão bibliográfica, e outra aberta a
perguntas dos leitores.
Uma nota
para a Tipografia Minerva, onde passei muitas dezenas de horas a trabalhar com
o dono, Aires Leitão da Graça, pessoa que alcançava para além do negócio e
vibrava com os conteúdos das publicações. E não esqueço o Luciano, o técnico da
composição, num tempo em que os caracteres, gravados no topo de barrinhas de
chumbo, eram recolhidos um a um nos compartimentos das quadrículas de madeira
em que eram arrumados por ordem alfabética e depois alinhados num friso de
madeira em palavras e espaços que por sua vez se transformavam em colunas para
serem percorridas pelo papel... Admirável a agilidade com que os seus dedos
recolhiam das respetivas caixinhas os caracteres e os alinhavam em gestos
mecanizados de perícia... Nem esqueço como era difícil, naquele contexto, obter
gravuras, que eram feitas em Lisboa, impossibilitando qualquer imediatismo na publicação
de fotos de reportagem... Uma inovação que introduzimos, mas que nem se revelou
feliz, por não dispormos de tintas mais difusas, foi a ilustração com linólio,
que funcionava bem para desenhos diretos, mas menos bem para realce de conteudos
em sobreposição...
Todos os números de A Voz
Paroquial podem ser consultados em: http://www.caboverde-info.com/Construindo/A-Voz-Paroquial
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