35 - A REDE - Sonhos Adiados

 

Uma das iniciativas mais promissoras de toda a minha passagem pelo empresariado e pelo Turismo em Cabo Verde foi a da REDE. Acabara de me aposentar, no dealbar de 2010, o que me criava espaço para uma atuação mais liberta e desinteressada, sem os constrangimentos que a dedicação em exclusividade a planos com baias empresariais, delimitados, padronizados, datados e monitorizados sempre impõe. Foi como se houvesse sido aberta, no termo de uma longa viagem, uma janela ampla de acesso a utopias, numa espécie de convite ao desfrute virtual da fragrância de um manjar bem condimentado que dantes não houvera tempo de ser devidamente cozinhado e ainda menos saboreado, e agora era posto a uma mesa rodeada de convivas desafiantes, fruto de amizades entretecidas no percurso, sem pressas, servido em baixela fina sobre toalha alva e cuidada, acepipes bem alinhados, entrada, prato forte fumegante, acabado de sair do forno, e sobremesa de exceção, tempo à discrição para saborear, digerir e conversar, tudo devidamente irrigado com bebidas a preceito, sem esquecer, à hora da sesta, a contemplação aprazível, através de lentes em jeito de caleidoscópio com mira apontada para um futuro novo, apelativo e ordenado, povoado de uma paisagem idílica, à varanda, de olhos semicerrados, sonhadores, perscrutando através das espirais ondulantes emergindo da queima pausada de um bom charuto, despreocupadamente embevecidos, das faixas turquesa-esmeralda-cobalto do mar sereno ao longe, no horizonte para lá de infindáveis canteiros de jardins floridos e, depois, da praia, animados uns e outra por voejos de pássaros multicolores, chilreantes, adejando graciosamente, os últimos anéis sumindo-se a seguir, como farrapos de nuvens pincelados pela brisa da tarde, pensativamente, sobre o azul de um céu límpido e deliciosamente tépido; sem dispensar a ritual degustação, em tragos ritualmente espaçados, de um café com suave odor arábica e ligeiro travo robusta, rematada com um dedal de grogo velha já espesso e escuro, quase cremoso, destilado dias há num dos alambiques da longínqua Ribeira da Garça...

Sonhos sonhados nas encruzilhadas de duas décadas de querer ir sempre mais além e mais acima do que o espartilho do tempo e das circunstâncias permitiam, pareciam conjugar-se num alinhamento harmonioso de módulos que se me afiguravam como algoritmos renascidos e redesenhados, capazes de cumprir a dupla missão de por um lado dar continuidade em modo maior ao trabalho em filigrana miúda artesanal que lograra desenvolver durante meia vida, desbravando terrenos, sempre cativantes, mas por vezes bravios, em companhia de tantas e tantos companheiros que prosseguiam ainda no caminho, e por outro lado de criar em novos contextos, num patamar mais abrangente, algo inovador e revigorante, traçando novas metas e superando novos desafios…

Depois de vinte anos a programar, com equipas de peritos em viagens, em hotelaria, em restauração, em design de comunicação, fruição de primícias de Cabo Verde como destino turístico, moldadas numa laboriosa brochura de Primavera/Verão e outra de Outono/Inverno, todos os anos, ajudando a franquear, mesmo que com avanços e recuos, o conhecimento das ilhas a centenas de milhar de portugueses, franceses, espanhóis, suiços, polacos, checos, escandinavos, britânicos, cabo-verdianos; depois da abertura - sempre estimulando investimento local, financeiro e humano -, de uma dezena de agências de viagens espalhadas por quase todas as ilhas do arquipélago, para que o Turismo fosse uma indústria criadora de riqueza por nacionais, para nacionais e visitantes; depois da complexa montagem de uma Companhia Aérea[1] que acorreu, não só à procura do Turismo que se fazia sentir na generalidade das ilhas, mas também à necessidade de mobilidade dos empresários e cidadãos nacionais por todo o país, uma empresa pequena e infelizmente efémera, mas que na sua curta vida prestou serviços exemplares pousando em todas as ilhas à exceção das três que não dispunham de aeródromos operacionais; depois de dar à estampa, nas principais línguas europeias, guias turísticos renovados anualmente, que serviram durante vários anos nas feiras de Turismo internacionais de principal veículo informativo do novo destino que despontava; depois de ter escrito e editado, com apoio precioso de diversas unidades hoteleiras e agências de viagens pelas ilhas e das companhias aéreas a operar no terreno, diversos trabalhos de divulgação audiovisual mostrando os atrativos de todas elas; depois de promover bom número de simpósios de informação, reflexão, formação e debate, quer para profissionais do Turismo quer para a Sociedade Civil, com a organização das Jornadas Morabitur e dos Encontros Internacionais de Turismo (EITU)[2]; the last but not the least, depois de centenas de novos empregos criados e consolidados, direta e indiretamente, em agências de viagens, transportadoras, restauração, alojamento e em outros setores, na transversalidade de fornecimento de bens e serviços que caracteriza a indústria do turismo… Sim, o que se impunha agora era, havendo saúde e cooperação, dar vida a sonhos mais ousados e ambiciosos, atando pontas deixadas soltas, agregando pessoas com capacidade e empenho capazes de posicionarem Cabo Verde num patamar de análise panorâmico, identificando conexões, removendo obstáculos e desperdícios e estimulando vontades, de modo a avançarmos de seguida com soluções de síntese que, valendo-se de um upgrade de saberes, métodos e tecnologias, criassem instrumentos capazes de ir majorando e transformando como fermento a qualidade e a rentabilidade da atuação do conjunto de atores no palco em que se movia a engrenagem do Turismo.

A rica experiência ensaiada com o Clube Vela durante um lustre, de 2004 na 2009[3], com agentes de primeira água no desenvolvimento turístico e económico do país e, por outro lado, a organização dos três primeiros Encontros Internacionais de Turismo (EITU)[4] no triénio de 2005 a 2007, que debateram, já em clima internacionalizado, implicando os mercados de origem, com grande abrangência e profundidade, o travejamento em que o Turismo devia estruturar-se em Cabo Verde, tinham já criado alicerces para o desenho de arquiteturas programáticas de maior envergadura, de que o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Cabo Verde 2009-2013[5], elaborado na vigência do Governo da VII Legislatura, era já exemplo ilustrativo.

O Projeto REDE (Reflexões Estratégicas sobre Desenvolvimento Empresarial) nasceu neste terreno já arado, gradado e regado.

O primeiro passo em frente foi dado com a constituição, em 2010, de duas empresas cobrindo setores de atividade que considerámos deficitárias no tecido empresarial já existente, mas de importância nuclear e estratégica para os propósitos de atuação da REDE: a SPIGA (Serviços de Produção, Implementação e Gestão de Acontecimentos), com sede na Avenida Andrade Corvo, 17, 1º, no Plateau da Praia, cujos sócios eram Martha Curado Moeda (Gerente), Carlos Santa Rita Vieira[6] e eu próprio, e cujo objeto é explicitado pela própria Razão Social; e a Cimboa, participada a meias por Carlos Santa Rita Vieira e pela Contacto Virtual, representada por mim, que se constituiu como Agência de Publicidade, promotora de Estudos de Mercado, organizadora de Sondagens de Opinião, propondo-se desenvolver ainda Atividades Especializadas de Design, Atividades Fotográficas, Atividades de Programação Informática e Portais Web, com sede definitiva na Avenida Amílcar Cabral, nº 53-1º, igualmente no Plateau.

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                                                           Martha Moeda

Havia agora que plasmar em um documento fundador um Plano de Estruturação e de Atividade que congregasse as melhores competências e as melhores vontades com capacidade e disponibilidade para assumirem os postos de comando desta ONG sem fins lucrativos, mas com perspetivas promissoras de gerar vitalidade e riqueza para o país na sua globalidade, económica, social, cultural, ambiental, jurídica… Foi o que preparei, num Manifesto Fundacional submetido à apreciação das personalidades convidadas a integrar os Corpos Sociais da ONG em preparação.

 

- MANIFESTO FUNDACIONAL

Não temos a pretensão de sermos os maiores nem os melhores, mas temos muita vontade de atingirmos a excelência, nos objectivos que nos propomos atingir, através do caminho que traçámos para lá chegar, com os recursos que constituímos, em especial as pessoas que desenvolvem este projecto e as que a ele, pela sua natureza, agregarão o seu próprio valor, mesmo quando não de modo permanente.

De facto, não seremos nós os actores principais da nossa própria peça.

Embora estejamos certos de que o trabalho que encetámos se vai tornar numa obra-prima, nós vamos ser apenas os facilitadores da sua construção.

Porque a nossa ocupação vai ser (através da realização de eventos empresariais e acções de enriquecimento das competências dos recursos humanos das organizações) criar condições para a ocorrência de valor acrescido ao valor próprio das personagens que entrarão em cena, vamos, pois, contribuir para 

ü  costurar economias de escala,

ü  fomentar vantagens competitivas,

ü  exaltar a excelência,

·       agregando competências e vontades,

·       promovendo a aliança de virtualidades públicas e privadas,

·       removendo escolhos redutores,

·       entretecendo conhecimento e competência…

 

v  Correremos ao lado das empresas e dos empresários, pois valorizamos o impulso dos que arriscam para desenvolverem a economia, criarem emprego, incluir as famílias na partilha da riqueza gerada;

v  Corremos ao lado dos poderes públicos, pois admiramos a responsabilidade e o sacrifício dos que se dedicam à regulação da polis, traçam estratégias de desenvolvimento da coisa pública e se sujeitam ao regular escrutínio que a democracia impõe;

v  Corremos ao lado da juventude que nas escolas se qualifica e se prepara para a vida operativa, porque são o futuro incontornável e promissor da nossa comunidade e necessitam e merecem o aconchego das melhores ferramentas que lhes permitam construir o seu devir e o de todo o país;

v  Corremos ao lado das pessoas e das famílias, pois são elas o alfobre da sociedade, a garantia mais sólida da continuidade da nação, e por isso o sentido derradeiro da economia.

 A nossa missão, virada por inteiro para a obtenção da excelência no empreendedorismo a todos os níveis, será, pois, a de conseguirmos ser mais uma alavanca, sempre incansável em transformar as energias empresariais na criação equilibrada, justa, discernida e sustentada de mais ser, certos de que é o ser mais que leva ao ter, ao usufruir e à felicidade, individual e partilhada.

 

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 Corsino Tolentino              Fátima Fialho              Olavo Correia

Responderam ao apelo para assumirem os assentos no Conselho Científico, o órgão mais prestigiado do projeto, embora naturalmente consultivo, três personalidades de grande relevo, com vasto currículo em instituições de topo no país: André Corsino Tolentino, ex-Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, ex-Ministro da Comunicação, ex-Ministro da Educação e ex-Embaixador de Cabo Verde em vários países, cofundador da Academia das Ciências e Humanidades de Cabo Verde; Fátima Maria Carvalho Fialho, ex-Ministra da Economia, Crescimento e Competitividade, com a tutela do Turismo, no VII Governo Constitucional, aquele em que foi elaborado o notável Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo 2009/2013; e Olavo Avelino Garcia Correia, o mais jovem de todos, Empresário (Tecnicil), ex-Secretário de Estado Adjunto do Tesouro, ex-Governador do Banco Central de Cabo Verde, entre diversas outras funções de relevo, de um currículo ainda longe de se fechar.

 A primeira reunião oficiosa do Conselho Científico da REDE decorreu no dia 19 de agosto de 2011 na sede da Cimboa, das 17 às 19 horas e teve como primeiro ponto da agenda avalizar o Manifesto Fundacional da REDE, com o qual todos se congratularam, e também inteirar-se do Plano de Negócios da Cimboa, a Empresa que fora constituída para garantir a concretização do Projeto REDE, que estabelecia como Missão sua “acompanhar, estudar e estruturar a reflexão feita na sociedade aos vários níveis da realidade económica e social, sistematizá-la e enriquecê-la com recurso aos melhores valores da comunidade, socializá-la e interiorizá-la nas pessoas e nas organizações pela via da organização de acções de promoção, informação e melhorias da gestão no mundo empresarial e do empreendedorismo, quer privado quer público, com o objectivo último de fomentar a aliança da criação de riqueza ao bem comum e de favorecer a inclusão das mais-valias assim obtidas no tecido social”.

Em suma, tratava-se de avançarmos com uma Organização de acompanhamento global das diversas políticas de planeamento, condução e avaliação da vida económica, social e política do país, a condizer com a preparação e a experiência das personalidades seniores do seu principal centro de gravidade, o Conselho Científico, à semelhança das melhores práticas em uso nas democracias mais avançadas pelo mundo, ainda assim com a peculiaridade um tanto ambiciosa de fazer acontecer obra, através de um programa operacional a ser concretizado pela Cimboa, empresa concebida como uma espécie de braço industrioso, garante da passagem dos planos para o terreno, o mesmo é dizer, dos “seminários” de seleção e programação de projetos para estaleiros de execução empresarial…

Foram, assim, redigidas diretivas precisas para a organização desses seminários.

 DIRECTIVAS para os SEMINÁRIOS

A CIMBOA criará e organizará entre outros eventos e programas de formação, uma linha de seminários sob a designação REDE (Reflexões Estratégicas sobre Desenvolvimento Empresarial) com normalização e objectivos específicos, destacando-se desde já os seguintes:

    1. Organizaremos 4 seminários de 1 dia por ano, mais um evento que será a GALA dos AWARDS, este último em parceria com um ou mais meios de comunicação social do sector da economia, a decidir;
    2. Os seminários REDE devem implicar e comprometer por um lado os órgãos de poder, quer centrais, quer regionais, quer autárquicos, e por outro a sociedade civil, empresas e ONGs.
    3. Os seminários devem ter em conta a geometria estabelecida pelos planos estratégicos do país e dos governos locais (regionais, autárquicos), e tomar conhecimento aprofundado do objecto e da missão das principais empresas, particularmente aquelas que serão chamadas a patrocinar, liderar e produzir matéria de reflexão nos seminários, preocupando-se genuinamente em contribuir, através dos eventos que organiza, para a concretização dos objectivos visados pelo conjunto dos players do mercado, em consonância com as directrizes, visão, missão, valores  e objectivos da própria CIMBOA.
    4. O modelo dos seminários trimestrais das REDE deverá tender a um nível elevado de participação e dinamização de todos os intervenientes. Para isso, propõe-se um figurino no qual se obtenha um máximo de proximidade e intervenção de todos os participantes, a saber:

                                                               i.      Número de participantes limitado e com empenho elevado nos temas tratados;

                                                             ii.      Os participantes deverão sempre inscrever-se mediante pagamento ajustado aos custos que a qualidade destes eventos implica. Mesmo que no início deva haver por parte da CIMBOA grande contenção nos preços de inscrição, permitindo assim a adesão do mercado aos seminários, com o decorrer do programa deverá a CIMBOA convencer o mercado do valor elevado destes eventos para os quadros participantes, e levá-los a dar-lhes o justo valor. Só assim as REDE poderão concretizar o objectivo de auto-sustentabilidade capaz de garantir o papel de fermento de excelência que se propõem desempenhar.

                                                           iii.      Salas adequadas ao número de participantes;

                                                           iv.      Instalação dos intervenientes em sofás próximos dos participantes;

                                                             v.      Instalação dos participantes próximo dos intervenientes, por forma a criar de rompante um clima de interacção sem barreiras formais;

                                                           vi.      Comodidades semelhantes para os participantes e para os intervenientes, sublinhando a condição de VIP que se pretende de todos os participantes nestes seminários;

    1. Alguns temas para arranque poderão ser, entre outros:

v  Alicerces do produto turístico em Cabo Verde;

v  Produtos financeiros para liderar a socialização da economia em Cabo Verde;

v  Os novos desafios da comunicação social em Cabo Verde;

v  Respostas prementes da rede de transportes à necessidade de aproximação da economia das ilhas…

    1. Patrocinadores: Como forma de empenhar ao máximo os patrocinadores e de não os fatigar, em face da regularidade e continuidade dos eventos a organizar, o figurino prevê um ou dois patrocinadores por painel, de modo a não esforçar sempre os mesmos, embora deva haver acordos de patrocínio permanente com tutelas e players de maior dimensão.

ü Por outro lado, serão os patrocinadores co-responsabilizados pelos conteúdos das apresentações, pertencendo a cada um deles, em concertação com a CIMBOA, e com as comissões científica e organizadora das REDE, propor a composição do painel que patrocinam.

    1. Na linha de dinamização e diversificação pretendida, cada painel dos seminários aparecerá com decoração própria dos patrocinadores, tirando-se partido dos tempos de coffe-breack;
    2. Comunicação social: um aspecto a ter em grande conta é o da presença de comunicação social idónea, muito particularmente a que se interessa pelos temas económicos, académicos e sociais; com efeito, mais ainda que o tempo do seminário (1 dia), é importante o tempo de preparação e follow-up de cada evento, feita em comunicação estreita com os patrocinadores, os apresentadores, os debatedores e moderadores, mas também com a comunicação social, uma vez que o programa de seminários da CIMBOA visa resultados muito mais vastos e profundos que os eventos em si, quer sejam encarados como negócio da empresa, quer como contributos importantes para a construção do país; de facto, o empenho das REDE nesta construção implica a cultura de uma filosofia e o fomento de todo um clima de empatia com as necessidades, preocupações e sucessos do conjunto do mercado, entendido como o conjunto dos players, desde a governação nos seus diversos patamares, às empresas, às escolas, às ONGs e à sociedade civil em geral. Esta é uma tarefa ao mesmo tempo apaixonante e absorvente, exigindo empenho, preparação e competência dos quadros da empresa a tempo inteiro.
    3. Local dos eventos: embora no futuro possa e deva haver alguma deslocalização dos seminários, parece que os primeiros deveriam ocorrer em instalações prestigiadas, provavelmente na capital ou no Mindelo…
    4. Parece também importante, sem prejuízo de eventual recurso a outsourcing em parceria dinâmica, entrar decididamente com um estilo próprio que, para além dos aspectos já referidos atrás, implicaria uma definição de detalhes como a escolha das hospedeiras, sua formação, porte e indumentária, a fidelização de colaboradores da maior qualidade na logística e secretariado, etc..
    5. Cada painel será composto por 2 apresentações de 20 minutos, precedidas por um lançamento do debatedor e seguida cada uma de 15 minutos de debate gerido por um “facilitador”, que deverá garantir a maior participação possível de todos os presentes, os quais deve conhecer e tratar pelo nome, e velar pelo rigoroso cumprimento de horários.
    6. O trabalho de análise e síntese, habitualmente operado à pressa no final dos seminários, será aqui da responsabilidade da REDE, e será concluído no dia seguinte ao do seminário, em colaboração com os apresentadores, debatedores, moderador e facilitador, e dará lugar aos desenvolvimentos mais aperfeiçoados possível na comunicação social, em regime de follow-up, em conferência de imprensa previamente marcada.
    7. Conferencistas: será um dos aspectos mais inovadores que as REDE devem perseguir. Há em Cabo Verde novas competências em muitas matérias, e há que localizar com esmero pessoas que aliem competência, facilidade e rigor de expressão e empatia comunicativa. Será esta a imagem de marca das REDE.
    8. Participantes: Já ao nível dos participantes, haverá que convencer os melhores quadros, quer públicos quer privados, quer sejam seniores ou juniores, pois a qualidade do debate, e portanto a perspectiva de inovação do entendimento e da operacionalização das hipóteses e teses expandidas só beneficiará de um mix ajustado de quem traz matéria para debate e quem participa nesse debate, em cada um dos seminários.

 

Durante 3 meses, de julho a outubro de 2011, estes documentos fundadores do Projeto REDE foram analisados, burilados, consensualizados e fechados, em reuniões animadas da Comissão Científica. A sede da Cimboa foi devidamente mobilada e equipada e foi admitida uma Secretária de Direção experiente.

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Linda Pereira                                 Carlos Vieira                  

A Comissão Organizadora, em que pude contar com a preciosa colaboração da Linda Pereira, profissional sénior em organização de eventos com vasto currículo internacional, CEO da CPL Events, conhecedora do quadro económico, académico e empresarial de Cabo Verde desde 2005, ano em que organizara comigo o 1º EITU no Mindelo, e depois o 2º e o 3º, em 2006 e 2007, em Santa Maria, na Ilha do Sal, assim como a do Carlos Santa Rita Vieira, meu sócio na Cimboa e autoridade no marketing digital, CEO da Sales Engine Online, que acabara de lançar em 2009, abordou numa primeira reunião em Lisboa, na sede da Contacto Virtual, rua Manuela Porto, em 31 de agosto de 2011, os diversos pontos da Agenda que estava a ser avançada pela Comissão Científica, a saber: (i)análise e inclusão na Agenda da Comissão Organizadora das decisões e considerações do Comissão Científica de 19 de agosto na Praia; (ii)atualização da checklist para o 1º Seminário da REDE, na trajetória dos trabalhos da CC, na referida reunião de 19 de agosto; (iii)verificação do estado de avanço das listagens de contactos da Cimboa (Governo, Autarquias, Associações, Câmaras, Profissões Liberais, ONGs, Empresas…); (iv)passagem em revista, observações e eventuais acrescentos à listagem prévia de matérias para temas dos seminários[7]; (v)verificação do funcionamento do arquivo na DROPBOX[8]; (vi)preparação da reunião conjunta CO/CC de meados de setembro na Praia.

Na reunião de 15 de setembro desse ano, desta vez com a presença conjunta da Comissão Científica (Corsino Tolentino, Fátima Fialho e Olavo Correia) e da Comissão Organizadora (Linda Pereira, Carlos Santa Rita e eu próprio) foi decidido (i)que a apresentação pública da REDE se faria no dia 4 de outubro, numa Conferência de Imprensa em local ainda a precisar; (ii)que em 25 de novembro levaríamos por diante o primeiro Seminário da REDE, no qual deviam ser assinados os dois primeiros Protocolos de Operacionalização de novos projetos; (iii)que em fevereiro de 2012, em data a precisar, avançaríamos com o primeiro seminário do Ciclo REDE, cujo tema ficou desde logo definido: “Alicerces do Produto Turístico em Cabo Verde”, com base em dois dos protocolos já na calha de projeto; (iv)que em maio ou junho de 2012, em data a precisar, ocorreria o segundo seminário, sob tema a definir antes do final de 2011; (v)que em 23 de novembro de 2012 se realizaria o terceiro seminário, devendo o respetivo tema ser lançado até final de junho; (vi)e que em 24 de novembro de 2012, no dia a seguir ao terceiro seminário, faríamos a Grande Gala de Distribuição de Galardões REDE 2012, cujos regulamento e programa teriam de ser redigidos, aprovados e publicitados até ao mês de junho precedente, e o respetivo júri designado até três meses antes, em setembro. Houve ainda tempo para apontarmos para projetos por todos considerados estruturantes para o futuro da sociedade cabo-verdiana, como o Triplo Salto, um Plano Experimental de Inovação Educacional de Excelência projetado para a Boa Vista, ou a constituição de Clubes de Embaixadores, um figurino de promoção de Cabo Verde pelo mundo, já experimentado em Lisboa com Quadros Cabo-Verdianos da Diáspora.

Tudo foi minuciosamente acertado, consensualizado e vertido em Diretivas, relevando-se a importância particular de garantir a articulação dos projetos a lançar entre si, cientes que estávamos das mais-valias da respetiva gestão conjunta.

Assim, colocámos no topo dos objetivos da REDE o lançamento de uma Incubadora de Empresas, em moldes a serem estudados pela equipa de Consultores, desenhado para prestar apoio jurídico e financeiro e para elaborar projetos empresariais; a Universidade seria chamada a integrar os trabalhos da REDE, através da criação e funcionamento de um Forum do Empreendedor, da montagem de uma MBA em Gestão, de programas de Investigação e Desenvolvimento, de workshops de Formação Profissional e Emocional no terreno; ligados à Consultoria, e em conexão com os Ministérios competentes, seriam prestados serviços de formação em Qualidade, que culminariam na respetiva Certificação e Avaliação; finalmente, previu-se uma Editora, que veiculasse conhecimento, em especial na vertente da Economia e da Gestão de Negócios.

Quando parecia que as estrelas se alinhavam para um belo sucesso, com tudo decidido para a apresentação do Projeto REDE, pelos membros do Conselho Científico, no dia 4 de outubro, Corsino Tolentino anunciou que teria de viajar para fora do país no dia 29 de setembro, sem certezas para a data de regresso, o que levou a um primeiro adiamento do calendário de lançamento do projeto para dia 25 de outubro. À reunião de 3 de outubro, prevista para os últimos preparativos da apresentação programada para 4, não pôde comparecer também Olavo Correia, pairando no ar o espetro de algum constrangimento em gestação, que viria a traduzir-se num longo silêncio dos membros do CC, e depois, passados quatro longos meses, na reunião de 10 de fevereiro de 2012, manifestar-se-ia numa pergunta para mim inesperada, por parte de um dos participantes do Conselho Científico, logo subscrita pelos restantes, questionando sobre “que proveito lhe adviria da aceitação em dar a cara por este projeto”[9]. Com a calendarização anteriormente acordada agora comprometida, e perante este baixar de braços das pessoas que eu considerava fulcrais para o sucesso do projeto, mas percebendo num relance o lado pragmático do posicionamento das três personalidades, tive de compreender que os argumentos de cariz generoso, de prestígio moral e de proveitos indiretos e futuros, mais a médio e longo prazos que imediatos, que para mim e para os meus colegas da CO tinham bastado para termos investido dezenas de milhar de euros a montar toda a engrenagem preparada para fazer funcionar a REDE, seguros de que oportunidades de negócio abundantes surgiriam de cada um dos seminários do Programa, para quem quer que as quisesse explorar, não motivavam do mesmo modo as pessoas que, afinal, eram nucleares para o sucesso de um projeto concebido para fomentar a endogenia da vitalidade empresarial, pelo que acabámos por desativar a Spiga e a Cimboa, na (des)esperança de nova oportunidade.

O único projeto que avançou, mais tarde, em 2012, dos que fizeram parte desta utopia, foi o Triplo Salto, que será objeto de uma abordagem específica.

Mas não se pense que tanto trabalho de reflexão e planeamento, tanta interação entre pessoas que se questionam, se estimam e tentam mudar o status quo para melhor se perde por inteiro na voragem do tempo e do esquecimento. O que permanece e se fortalece de cada vez que se arrisca avançar no terreno, é a convicção de que da semente lançada à terra, mais cedo ou mais tarde alguns grãos germinam, crescem e dão frutos…

Seguindo a velha máxima de que as imagens são a melhor forma de condensar ideias complexas e entrecruzadas, criei uma infografia que projetava num relance a utopia que acreditávamos poder converter em realidade, pelo menos em parte, mesmo que lentamente, a médio ou longo prazo…



[1] Ver capítulo sobre a Halcyon Air

[2] Ver artigos/capítulos anteriores

[3] Idem

[4] Idem

[5] Idem

[6] A não confundir com o pai, médico do mesmo nome, por sua vez filho do famoso Dr. Henrique Lubrano de Santa Rita Vieira, que dera o nome ao Hospital Regional de Santiago Norte, em Santa Catarina.

[7] Ver esta listagem no post 25-Reminiscências de uma Década Intensa. Um questionário que foi sendo desenvolvido ao longo do tempo, como ferramenta de investigação empresarial e sociológica da Economia Cabo-Verdiana.

[8] Dropbox foi a ferramenta escolhida para interação permanente entre os membros da Comissão Organizadora e os da Comissão Científica.

[9] Foram lavradas atas de todas as reuniões aqui referidas, sempre trazidas às reuniões consecutivas, que podem ser consultadas em caboverde-info.com.

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